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Campo Grande, terça-feira, 05 de dezembro de 2023.

Haja Coração!

Futebol ficou sem o craque ‘Porvinha’, mas o rádio ganhou um dos melhores narradores esportivo do Estado

Por Gilson Giordano em 08/09/2020 às 07:06

Porvinha nunca imaginou que um dia, se tornaria um dos mais consagrados locutores esportivos na fronteira (Foto: arquivo pessoal)

Chega cada vez mais longe, o eco do grito de cada gol marcado, nos campeonatos de futebol amador disputado na cidade de Ponta Porã, município este localizado na região sul do Estado e distante da Capital a 324 quilômetros, quando o mesmo é narrado por Vanderlei Gonçalves Soares, conhecidíssimo por “Porvinha”, que há seis anos em toda a região vem dando um brilho todo especial no esporte amador disputado na cidade e região e em particular, o futebol, a sua grande paixão.

Apelido

Antes de contar um pouco dessa trajetória vitoriosa de Vanderlei Gonçalves Soares, que é casado com Cleide Pessoa, com quem tem três filhos: Gustavo, Rafael e Rafaely, vamos primeiro contar o porquê do apelido “Porvinha”.

Segundo o mesmo, o apelido de “Porvinha” que hoje é reconhecido em toda região foi colocado quando  ele ainda era criança, por um homem, cujo nome  não lembra, que teria chegado de Cuiabá, à Ponta Porã.

Segundo o próprio, “Porvinha é um mosquitinho que tem muito em Cuiabá e perturba os pescadores e eu acho que, quando era criança, era muito serelepe e também incomodava, muito os outros, era do tipo chato. Mas eu acho que não, mas a lenda diz que sim (risos) e ele me chamou de ‘Porvinha’ e na hora, eu não gostei  e com isso,  o apelido pegou. Acredito que,  se eu tivesse dado risada, acho que não pegaria. Mas tá tudo bem”! Tudo legal”,  resignou diante do cognome que anos depois,  se tornaria muito famoso na região.

Vai uma dica, que for à Ponta Porã e quiser alguma informação a respeito de Vanderlei Gonçalves Soares, perderá tempo e até mesmo nos campos de futebol amador, onde são disputados os jogos, ninguém saberá de quem se trata ou em alguns casos, poderão até pensar que se trata do vereador Vanderlei Avelino.  Agora,  caso perguntem por “Porvinha”, na hora terá a informação.

“De fato, pois na cidade nunca ninguém imaginará que o narrador dos jogos de futebol entre outros eventos esportivos,  se chama Vanderlei Soares. Agora se perguntar por Porvinha, tanto aqui (Ponta Porã), como em Pedro Juan, Itamarati, Sanga Puitã, nessa nossa região, o pessoal tudo sabe que sou eu”, disse o dono de uma das maiores popularidades na cidade.

Escola

Até na escola, Vanderlei Soares, ops, “Porvinha” recorda que durante a chamada diária, os professores passaram a chamá-lo pelo apelido.

“No primeiro dia de aula, os professores me chamavam pelo nome e quando eu respondia presente, eles falavam, ah, é você Porvinha e a partir de então, ao invés de me chamarem pelo nome falavam Porvinha e eu respondia: presente (risos)”

Nascido no dia 25 de setembro de 1980, portanto prestes há completar 40 anos,  ainda como jogador, “Porvinha” atuou em vários times no Estado e também fora. Além de jogar futebol de campo, brilhou também no salonismo.

No futebol de campo, dizem que foi um excelente meia esquerda, sempre jogando com a cabeça erguida,  fazia passes longos e  milimétricos, dribles curtos e desconcertantes e tudo isso levou “Porvinha” a defender  vários times e entre eles,  a Sociedade Esportiva Ponta-poranense (SEP), a Seleção de Ponta Porã, Dois de Maio e Mariscal, ambos do Paraguai, onde conquistou vários títulos, defendeu ainda a Seleção de Amambai, o Marítimos, de Corumbá, Corinthians de Presidente Prudente de o Guarani de Campinas.

“Tanto no futebol de campo, como no futsal, fui campeão em vários times, mesmo não jogando muita bola, mas tive por ai, uma breve passagem com a graça de Deus”, afirma com muita humildade, uma das suas principais virtudes.

Início

Uma vez mais, como diz um adágio popular, “Deus escreve certo por linhas tortas”. Esse pode ser o resumo para o início da carreira até então inesperada por “Porvinha”, que se tornou sem querer, um dos maiores e melhores locutores do futebol amador e de outras modalidades esportivas disputadas naquela cidade, bem como em toda a região.

Segundo ele, tudo começou em uma partida válida pela Copa Morena de Futsal, ainda na fase de grupos, ocasião em que o time de Ponta Porã, enfrentava o de Glória de Dourados e o mesmo vencia por 3 x 1.

“Nós estávamos ganhando por 3 x 1 e eu fui fazer uma firula o adversário, não recordo quem foi, me deu um chute na panturrilha. Pra ter ideia, a pancada foi tão forte que acabou descolando a carne da canaleta do osso e devido à gravidade da contusão, fiquei seis meses sem poder jogar” recordou.

Mesmo estando contundido e sem poder jogar, “Porvinha” não conseguia se afastar das beiras dos campos, onde eram disputados os jogos válidos pelos campeonatos amadores naquela cidade.

Segundo ele, um belo dia o mesmo teve a brilhante ideia, já que não se afastava mesmo dos campos, uma das vezes ele foi a um deles e levou uma caixa de som, daquelas pequenas de apenas oito polegadas, cuja bateria agüentava apenas 20 minutos.

“Cheguei ao local, ainda mancando, liguei a caixinha e no meio da galera, comecei a narrar o jogo. Rapaz, foi outra coisa! Todo mundo gostou. O próprio jogo ficou muito mais movimentado, animado. A transmissão deu outra vida à partida. Mas a bateria agüentava apenas 20 minutos e quando deu esse tempo, acabou a transmissão”, (risos).

Portanto, ainda que “meio sem querer”, o futebol perdia um craque, mas o rádio ganhava novo comunicador e assim, “Porvinha” acabou sendo descoberto no meio radiofônico.

Passado o período de tratamento e recuperação, ele finalmente teve alta médica e com isso, poderia voltar aos campos ou às quadras e praticar as modalidades que ele mais gostava: futebol e futsal.

“Certo dia fui jogar e não recordo quem me disse: ‘Porvinha, joga não, narra pra nós, pois ficou muito legal a sua transmissão’, mas com aquela caixinha, não dava, pois a mesma era pra apenas 20 minutos”, recordou.

Ai entrou nessa nova fase do agora narrador “Porvinha”, o zagueiro e amigo do mesmo, Finão que tinha uma caixa de som bem maior e também já era à energia.

“O Finão, um dos melhores zagueiros da região gostou também da minha narração me emprestou a caixa dele e às vezes, quando não jogava, ele comentava a partida. Nossa com aquela ‘caixona’, o barulho era outro, era diferente” recordou.

Com a “caixona” emprestada por Finão, o que na verdade no inicio era apenas uma brincadeira, como em um passe de mágica, tornou-se sério e com mais responsabilidade, pois segundo “Porvinha”, com a nova caixa, o tempo de duração nas transmissões passou a ser de quatro horas e com um detalhe a mais, devido à potência, até mesmo os torcedores que estavam do outro lado do campo, passaram a ouvir a narração.

Apoio

A partir do momento em que o zagueiro, amigo e também comentarista Finão,  emprestou a “caixona”, tudo mudou na vida de “Porvinha” e com isso, nascia de fato novo narrador esportivo na Cidade da Fronteira, que  em contrapartida, perdia um craque em campo.

“Teve um grupo de empresários que me ajudou e até hoje me apóia  e entre eles, o Nika, da Casa Nika, em Pedro Juan Caballero que na época me vendeu uma caixa grande também pra que eu pagasse  da forma que fosse possível e nesse meio tempo, apareceu o Natanael Popovich, que me ajudou a pagar  e com mais aquela (caixa), tava ficando legal e com isso, o tempo de narração aumentou”, recordou.

Nessa trajetória ou metamorfose de jogador para narrador esportivo, “Porvinha” foi recordando das pessoas e empresários que lhe estenderam as mãos.

“Fui conversando com os empresários da cidade e o pessoal gostou da ideia e passou a me chamar pra narrar os jogos, mas eu tinha apenas uma caixa de som (já havia devolvido do Finão) e se tivesse duas, as transmissões ficariam muito melhores”, admitiu.

Nesse meio tempo, surgiu outro empresário que também o ajudou e desta feita foi o Alexandre Preto, representante da cerveja Schincariol, em Ponta Porã que autorizou o mesmo a “pegar” outra caixa de som, com a mesma potencia igual à primeira.

“A partir daquele momento, comecei também a narrar os jogos fora de Ponta Porã e com isso, as transmissões se tornaram uma febre e em todos os jogos, a minha presença era praticamente exigida”, recordou.

Depois, chegaram os presentes do então deputado estadual Flávio Kayatt e do Artêmio, do Shopping China, que também ofertaram outras duas caixas de som, claro que cada um, com uma e com as mesmas potências que as primeiras, para manter a qualidade e o mesmo diapasão.

“A partir de então, a coisa tomou outro rumo e novas proporções”, disse.

Facebook

A partir do momento em que as transmissões dos jogos ganharam novos rumos e outras proporções, era preciso então mostrar aos milhares de internautas, quem e quais eram os jogadores que davam o brilho nas jornadas esportivas aos domingos e com isso, foi criado na página do Facebook, o programa esportivo “Haja Coração”, apresentado ao vivo a partir das 18h de terça-feira à sexta-feira, no perfil Porvinha Narrador.

“Sim, tinha que ter um programa ao vivo para o pessoal, o público de forma geral ver, para os empresários verem os seus logos marcas estampadas no mesmo e mais uma vez apareceu um amigo e desta feita foi o José Menino, da Aline Transportes, no ramo de guincho, que abraçou a ideia e aos poucos começamos o programa e em seguida entrou também o Luciano Gogo, responsável pela promoção dos jogos das Estrelas que é realizado todos os anos aqui (Ponta Porã) e aos poucos fomos conquistados a classe empresarial da cidade”, lembrou.

Fá incondicional do narrador Galvão Bueno, “Porvinha” admite que tenta imitar o mesmo,  pois o   timbre de voz lembra em muito o referido locutor.

“Sou fã dele (Galvão) que é amado ou odiado, mas aqui (Ponta Porã) ele é muito amado e eu tento imitá-lo. Deu certo e com isso tento fazer mais ou menos do jeito dele, a moda pegou rápido e  tomara que um dia, eu possa pessoalmente agradecê-lo e até mesmo tirar uma foto com ele, pois tudo que aconteceu ou acontece na minha vida e dos meus familiares é em razão dele e devo tudo a ele”, afirmou.

Estúdio

De fato, como num toque de mágica, tudo se transformou na vida pessoal e até mesmo profissional de Vanderlei Gonçalves,  “Porvinha”, pois dentro de aproximadamente 15 dias, ele deverá inaugurar um estúdio, anexo à sua residência, mas no mesmo será especifico para se falar das modalidades amadoras disputadas na cidade, além de enfocar também os aproximadamente 35 anunciantes que garantem o sucesso do programa “Haja Coração”, que é mostrado com várias imagens captadas pela esposa Cleide Pessoa, que segundo ele domina a tecnologia das filmagens à beira dos campos.

“Nesse momento na cidade, ninguém fala outra coisa, pois os comentários são voltados para a inauguração do estúdio. Está  todo mundo aguardando com a maior expectativa, fato esse que aumenta em muito cada vez mais a nossa responsabilidade diante do público e da classe empresarial”, argumenta “Porvinha”, demonstrando que com o tempo, foi aprendendo mais sobre a nova profissão.

Nessa trajetória vitoriosa, “Porvinha” não se esqueceu de citar também Mauro Camargo, eu segundo ele, é o repórter de campo, a quem ele classifica como um “diferenciado”, devido ao conhecimento e à facilidade de se dirigir ao público.

A partir da inauguração do novo estúdio, “Porvinha” continuará buscando a perfeição e cada vez mais se atualizando nos meios esportivos, pois segundo ele, hoje com mesa de som e uma estrutura bem melhor que da época da “caixinha de som” de 20 minutos, já está muito bom, no entanto, o mesmo admite que precisa melhorar muito mais. “Tudo na vida é muito dinâmico e com isso, temos que cada dia melhorar mais, para atender o exigente público”, admite.

Antes de encerrar, Porvinha lembrou que já chegou de transmitir três decisões em apenas um domingo.

“Fizemos três decisões no mesmo dia: manhã, à tarde e à noite, e os jogos foram aqui (Ponta Porã) e Sanga Puitã que é perto, foi possível ir e voltar para fazer o outro jogo”, afirmou garantido que “normalmente fazemos duas finais uma aqui (PP) que é pela manhã e a outra em Pedro Juan, que é à tarde, terrão, campo ou quadra, não tem diferença, pois onde tem futebol nós vamos”, garantiu.

Outras Modalidades

No entanto, as transmissões não são restritas apenas ao futebol, pois o então ex-jogador “Porvinha”, que tal como num passe de mágica se tornou narrador esportivo,  já se aventurou e com sucesso em outras modalidades e entre elas, o basquete, vôlei, futsal, handebol e até mesmo em prova pedestre.

“As corridas viraram moda (as transmissões). Em várias cidades do Estado já narramos ao vivo no programa e a narração com a caixa de som, correndo  ao lado dos os atletas e isso serve para, meter mais lenha na fogueira com os participantes”, festeja o descontraído Vanderlei Soares, mais conhecido na região de fronteira, na divisa do Estado, como “Porvinha”, a quem todos aprenderam a admirar devido a sua insistência em proporcionar cada vez mais, o melhor para a cidade e os milhares de internautas que o acompanha há seis anos.

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