redacao@gritoregional.com.br     (67) 9 8175-8904

Tudo sobre a região do Anhanduizinho

Tudo sobre a região do Anhanduizinho

           

Campo Grande, segunda-feira, 27 de novembro de 2023.

Sem estatuto e sem MPE, no “amadorzão” o que vale mesmo é a vontade de fazer e o amor pelo futebol

Por Gilson Giordano em 24/01/2018 às 16:20
Arena Campo Nobre, um dos campos usados pelo futebol amador

Após o campeonato, o gramado da Arena Campo Nobre passa por um processo de revitalização (Foto: Fábio Giordano)

Sem ter que cumprir as esdrúxulas leis impostas pelo Estatuto do Torcedor, sem o risco de ter esse ou aquele campo interditado pelo Ministério Público, policiamento nem pensar e para que SAMU? Pois diante de uma contusão, até que se prove que a mesma foi com certa gravidade, antes disso quem entra em campo uma pessoa trajando uma bermuda, chinelos de dedo e um boné, para socorrer o jogador machucado. Esse é o futebol amador que, cada vez mais, aumenta o número de torcedores aos redores dos campos onde os jogos são disputados, acima de tudo com muita vontade e pelo amor ao futebol varzeano.

Aliás, falar “campo” é na verdade um privilégio para poucos, principalmente na região do Anhanduizinho onde, a bem da verdade, apenas dois locais podem dispor desse privilégio de terem grama: Arenas Guanandizão e Campo Nobre, que durante o período de recesso nos campeonatos, os gramados são “renovados” e tratados.

Quanto aos outros, o “detalhe” da grama pouco importa, pois na verdade o futebol varzeano, o bom mesmo é disputar os jogos no “terrão”, aonde o jogador aprende com o quique da bola.

APOIO

Mesmo sem contar com o apoio da Polícia Militar ou do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), dificilmente os jogos disputados nos bairros e vilas da Capital – pelo menos na região do Anhanduizinho – dão B.O. ou algum outro tipo de problemas.

Sem o policiamento, quando surge uma confusão, logo aparece a turma do “deixa disso” para contornar a situação, tudo volta à normalidade e segue o jogo…

CONTUSÃO

Quanto às contusões, pelo menos as mais graves, o que também é raro, quando acontecem os “choques”, por se tratar de uma prática esportiva de contato como é o futebol, o que sempre acontece, a pessoa designada pelo dono do time a ser o massagista, está sempre atento e, quando um jogador da equipe cai, o mesmo adentra o campo correndo, levando consigo uma garrafa pet que até hoje, os que estão do lado de fora do campo, nunca souberam qual é o líquido milagroso levado na garrafa.

 

Campo da Cohab também recebe jogos do futebol amador

Que contusão nada, mesmo porque não tem SAMU e nem maqueiros, então segue o jogo (Foto: Fábio Giordano)

Ao atender o jogador, primeiro, o massagista dá um gole do líquido ao mesmo e depois passa no local contundido ou afetado com a pancada. Em poucos segundos, o atleta está refeito e pronto para continuar na partida.

CAMPO

Na região do Anhanduizinho, são cinco os campeonatos que movimentam os moradores dos bairros onde estão localizados os campos.

Nessas competições, os melhores “gramados” são na Arena Campo Nobre e Guanandizão, onde os jogadores mostram as suas habilidades futebolísticas pisando em gramado de boa qualidade.

Nas Arenas Guaicurus e Jardim das Hortênsias, os campos são os chamados de “terrão”, a grande paixão dos boleiros e, nesses “locais”, nem pensar em usar uniforme branco para os jogos, pois o mesmo será usado uma única vez. Na região ainda tem o campo da COHAB, – Universitárias I e II – que é “careca”, um pouco de grama aqui, outro pouco ali, outro chumaço lá adiante e assim segue o jogo.

Arena Guaicurus é outro campo usado para prática do futebol amador

Futebol amador de “primeira qualidade” é disputado no campo de “terrão” mesmo, nada de gramado (Foto: Fábio Giordano)

Essa é a realidade do futebol varzeano disputado na região do Anhanduizinho da Capital Sul-mato-grossense, onde invariavelmente os torcedores ouvem as pérolas ditas pelos mais “chegados” daqueles que proporcionam o espetáculo, que normalmente é disputado em tarde ou manhã ensolaradas, sob elevadas temperaturas e os jogos, por serem de 50 minutos, dois tempos de 25 minutos por cinco de descanso, nem pensar nas tais paradas técnicas. No entanto, após os jogos, nada melhor que se dirigir ao primeiro barzinho em volta do campo, onde tem um grupo de “corneteiros” já esperando para  tomar uma “bem gelada”, limpar a garganta e comentar os lances do jogo, principalmente quando um dos integrantes da mesa for o personagem da partida.

Em cada competição, caso não haja limites para número de participantes, em cada um dos campos acima citados, podem ter até 50 times inscritos, pois as premiações são as atrações pelo fato de serem “gordas” e, tão logo é conhecido o time campeão, o representante ou o dono do time vencedor recebe o valor anunciado em dinheiro vivo, nada de “chequita” ou “pega amanhã”, para depois ele fazer a festa com todos os integrantes da equipe.

Assim é o futebol varzeano, a grande paixão do povo brasileiro que, sem as interferências, continuam proporcionando a festa nos fins de semana.

0 Comentários

Os comentários estão fechados.

Exibir botões
Esconder botões