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Campo Grande, sexta-feira, 08 de dezembro de 2023.

Escolinha Tia More

Com lutas diárias pela sua manutenção, projeto no Jardim Canguru ganha a Agepen como novo aliado

Por Gilson Giordano em 01/08/2019 às 09:59

A alegria das crianças está evidenciada no brilho dos olhares exibindo os brinquedos fabricados pelos internos da Agepen (Foto: Divulgação)

Não é Natal, mas a manha desta quarta-feira (31) por certo ficará na memória das crianças que freqüentam o projeto social “Escolinha da Tia More”, localizada no Jardim Canguru, no bairro Centro Oeste, na região do Anhanduizinho.

Fundado no dia 2 de março de 2.000, o Jardim Canguru também enfrenta os mais variados e diversos problemas no seu cotidiano e com isso, a dificuldade nos mais variados segmentos para os seus moradores.

Diante dos inúmeros problemas enfrentados pelos moradores que, dificilmente contam com o apoio dos Poderes Públicos, surgiu à boa alma, na pessoa de Edileuza Luiz que, ao lado dos seus familiares decidiram criar o projeto social denominado Escolinha da Tia More, que há três anos e sete meses ameniza os problemas, ao menos das crianças que participam do projeto e com isso, a fundadora ao lado dos familiares se dedicam arduamente para ajudar a construir um futuro melhor para essas crianças, que muitas vezes, têm apenas a única refeição diária garantida no local.

Ao falar a respeito do combustível que movimenta projeto “Escolinha da Tia More”, Edileuza chega a se emocionar e sintetiza a pergunta com a resposta: “É o amor!”

Amor pelas crianças que segundo a criadora do projeto, não se vê mais longe delas.

“O que me motiva é o amor, não vejo minha vida sem essas crianças. Em vez de estarem na rua brigando e aprendendo o que não presta, estão aqui protegidos. Querem ser médicos, professores, delegados e eu tenho certeza que lá na frente vou vê-los formados”, destaca Edileuza.

Segundo ela, a “Escolinha da Tia More” é fruto de um projeto anterior realizado há seis anos no Loteamento Municipal Dom Antônio Barbosa, localizado no bairro Lageado, também na região do Anhanduizinho, onde Edileuza era voluntária no “Filhos da Misericórdia” e fundou sua própria instituição, para ampliar as possibilidades de ajuda.

Trabalha no local junto com a família, duas de seus quatro filhos, que ela conta que criou sozinha –  sustentados com dinheiro da reciclagem, no aterro sanitário – ajudam nesta missão de se doar. “Nenhum deles se formou, infelizmente, mas são todas boas pessoas que estão aqui me ajudando”, ressalta. “Quando eu morrer minha filha vai levar o meu legado”, complementa, apontando sua filha mais velha.

O orgulho e a satisfação de se doar e fazer o bem a quem precisa, não tem preço, garante Edileuza (Foto: Divulgação)

Projeto

O local se mantém a base de doações. Para tocar o projeto que é freqüentado por 48 crianças e adolescentes, o desafio diário que vai desde a falta de colaboradores a problemas como um incêndio registrado em fevereiro passado, que destruiu parte da varanda que estava sendo construída no local.

Agepen

Desta feita, a ajuda aconteceu com doações feitas pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), através do projeto “Além dos Muros”, realizado há um ano e que já beneficiou outras quatro instituições sociais na Capital e no interior.

A respeito da contribuição feita pela Agepen, Edileuza agradeceu a mesma afirmando que: “Essa contribuição da Agepen, além de ajudar no dia a dia, seja a alimentação seja os brinquedos é muito importante para nós e vai fazer muita diferença”, afirmou.

Na ocasião, foram doadas dezenas de brinquedos, como carrinhos de madeira, bonecos de tricô produzidos pela mão de obras dos próprios internos e alimentos como pães, fatias húngaras, entre outros.

A “Escolinha Tia More”, também recebeu a doação de mandiocas descascadas pelos próprios internos, para reforçar as refeições diárias servidas no local e tapetes feitos em unidades prisionais, que poderão ser vendidos para ajudar na complementação de recursos para que o referido projeto possa se manter, já que sobrevive apenas de doações e da boa vontade de sua fundadora Edileuza Luiz, que, junto com sua família, se dedica a ajudar a construir um futuro melhor para as crianças, que muitas vezes, têm a única refeição diária que é garantida no local.

 Quanto aos projetos “Escolinha da Tia More” e “Além dos Muros”, ambos seguem ao encontro de um único objetivo: o primeiro se preocupa em resgatar as crianças que ate então viviam nas ruas do bairro e o segundo, para devolver a sociedade homens e mulheres totalmente recuperadas dos erros cometidos, pelo fato de na vida deles, não terem encontrado também uma “Edileuza” para ajudá-los a mudar de vida.

A respeito do projeto “Além dos Muros”, criados pela Agepen, a chefe da Divisão de Trabalho da instituição prisional, Elaine Cecci, a idéia dessa iniciativa é demonstrar que dentro das unidades penais existe capacidade produtiva. “Além de mostrar o trabalho desenvolvido pelos reeducandos, é uma forma de valorizar o serviço dos agentes penitenciários também, que viabilizam ações como essa. A sociedade precisa conhecer os diversos projetos realizados nos presídios do Estado, assim como, ser beneficiada também através do trabalho prisional”, enfatizou Elaine, destacando que para as doações são selecionadas, principalmente, instituições sem vínculos políticos e sem doadores fixos.

Acolhimento

Os irmãos Vitor Hugo e Heloisa Vitória são alguns dos atendidos pelo projeto, junto com seus outros dois irmãos. No local, além das brincadeiras e reforço escolar que recebem, eles também fazem suas refeições. “Gostei muito dos brinquedos, gosto daqui para aprender e praticar a leitura e a escrita e é uma oportunidade de interagir com outras crianças de forma saudável. Antes eu ajudava a construir a casa com meu pai, agora posso vir para cá fazer coisas de criança”, comenta Vitor Hugo. “Gostei muito da visita e das doações, principalmente do palhaço de crochê”, complementa Heloísa Vitoria.

Para Vitória Claudino Souza, de 15 anos, as várias atividades diárias têm contribuído muito para sua rotina, que se divide entre o projeto no período da manhã e a escola à tarde. “Eu gosto muito de vir aqui”, afirma à adolescente, que também leva seus outros dois irmãos menores para participar do projeto.

O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, ressaltou que contribuir para esta ação social, além de humanizar a pessoa em cumprimento de pena, fazendo com que o fruto do trabalho de suas mãos ajude a quem mais precisa a iniciativa também ajuda a evitar que essas crianças entrem no mundo da criminalidade.

“Muitos homens e mulheres que hoje estão no sistema prisional são reflexo da falta de oportunidades. Muitos não tiveram este apoio e acolhimento que esse projeto proporciona, e nós da Agepen buscamos ir muito além dos muros para ajudar nesta transformação”, enfatizou.

O dirigente ressaltou que a agência penitenciária e seus servidores buscam realizar iniciativas que colaborem com ações assistenciais. “Estamos aqui hoje para contribuir com vocês, para ajudar um pouco com o que podemos, são algumas doações para vocês crianças, que serão nosso futuro. Por isso todos aqui envolvidos queremos que vocês possam estudar e possam proporcionar a outras crianças esta mesma ajuda quem sabe em nosso lugar ou mesmo como governantes, podendo fazer a diferença na vida de muitas pessoas”, finalizou.

Ao todo, foram doados 150 pães produzidos no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG); 25 brinquedos pedagógicos confeccionados no presídio de Segurança Máxima da capital; 13 tapetes artesanais em crochê feitos no Centro de Triagem “Anísio Lima”; 40 kg de mandioca congelada, descascada e embalada no presídio feminino de regime semiaberto e aberto, por meio da empresa parceira “Mandioca Dois Irmãos”.

A Escolinha da Tia More atende no contraturno escolar, de terça a sexta-feira e está localizada na Rua Jara, nº 150 – Quadra 30 Lote 45 – Jardim Canguru, bairro Centro Oeste região do Anhanduizinho. Quem quiser ajudar com o projeto pode entrar em contato pelo telefone (67) 9 9322-0600.

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