redacao@gritoregional.com.br     (67) 9 8175-8904

Tudo sobre a região do Anhanduizinho

Tudo sobre a região do Anhanduizinho

           

Campo Grande, sexta-feira, 05 de janeiro de 2024.

"Causos" do Futebol

O dia em que o técnico Fidélis, “touro sentado”, quase derrubou o presidente Osvaldo Durães, no Operário

Por Gilson Giordano em 10/07/2020 às 10:39

Técnico Fidélis também deixou as suas lembranças à frente do comando técnico do Operário, com quem foi campeão estadual (Foto: Google)

Ainda em plena época da pandemia causada pelo coronavírus covid 19, doença essa que tem em muito, dificultado o desenvolvimento dos bairros localizados na região do Anhanduizinho e por esse motivo, o site gritoregional.com.br criou a coluna “Causos do Futebol” e através da mesma além de tentar resgatar, quer também manter, viva parte da história do futebol profissional de Mato Grosso do Sul.

“Causo”

Na “estória” de hoje vamos entrar no túnel do tempo, na década de 1980, mas precisamente no ano de 1986, quando o meu amigo Júlio do Campo Nobre, tinha ainda apenas quatro anos de idade.

O fato aconteceu na poliesportiva, localizada na saída para Terenos, local que eu chamava carinhosamente de “Templo Sagrado” do futebol estadual, devido à qualidade dos jogadores que treinaram ali. Hoje, a mesma, tal como a Casa do Atleta Carlos Castilho, esta localizada na Avenida Bandeirantes, não existem mais e com isso, boa parte da história do futebol de MS também foi desmoronado!

Pois bem, como eu disse o ano foi em 1986 e os treinos realizados na poliesportiva, tinham até público e em dias de coletivos aprontos, tal como hoje, sexta-feira, o local pra não ter ninguém, tinha em torno de no mínimo 500 pessoas.

O técnico do Galo era o paulista nascido em São José dos Campos,  José Maria Fidélis dos Santos, que hoje está ao lado de Deus e conhecido pelo prenome de “Fidélis”, mas ele gostava mesmo era de ser chamado de “Touro Sentado”.

A origem do apelido “Touro Sentado” ao certo eu não sei, mas por dedução, pelo fato de o mesmo ser de estatura mediana, tipo “parrudo”,  talvez essa seja uma pista. Ele usava e gostava de caprichar no bigodinho tipo “Charles Chaplin”.

Os jogadores prata-da-casa que treinaram com ele, uma safra da mais alta qualidade técnica, dizem que a linguagem do mesmo era idêntica a usada pelo ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus, cheia de erros e talvez até propositais, para chamar a atenção de todos.

Segundo alguns jogadores, durante a preleção e em função da ótima qualidade apresentada por boa parte deles, ele Fidélis dizia: “Não posso agradar a GREGOS E TORIANOS”, sendo que o certo é “Não posso agradar a GREGOS E TROIANOS”, ditado esse que foi criado a partir da historia na mitologia grega uma referência ao episódio da Guerra de Tróia e após dez anos de intensa briga, o herói Odisseu construiu o célebre cavalo de Tróia, para conseguir a vitória dos gregos contra os troianos.

É claro que ao ouvirem tal “ditado”, mas de forma errada,  os jogadores caiam na gargalhada e ele Fidelis, ficava sem saber o porquê de tantos risos em plena preleção.

Na época, o presidente do Operário era o empresário Oswaldo Durães, que aponto como o melhor mandatário que o clube alvinegro de Campo Grande, já teve.

Insatisfeitos o método de trabalhos empregados pelo técnico Fidélis, mesmo o time estando bem na competição, onde alias foi campeão, a diretoria que tinha ainda como diretor de futebol, Ari Rodrigues que também hoje mora no céu decidiu dispensar o treinador.

Decisão tomada, mas tinha que ter um motivo, mesmo porque o time era o líder no campeonato e em busca de uma saída, os dois dirigentes citados, bolaram um plano e para tanto, Durães chamou Ari Rodrigues para uma reunião às pressas na Itaóca, empresa do Presidente, que era localizada na Rua Rui Barbosa, quase esquina com a Avenida Rio Branco e ali, os dois armaram o plano.

Coletivo apronto

No período tarde, os dois dirigentes foram à poliesportiva, para acompanhar o coletivo apronto, já com o plano definido para a demissão do técnico Fidélis.

Chegaram à poli, por volta das 14h30, mais ou menos, ocasião em que os jogadores tinham feito o aquecimento com o preparador físico João Bosco, “Bosquinho” e ouviam atentamente a preleção do técnico Fidelis que acabou sendo interrompido pelo chamado do presidente Oswaldo Durães e com isso, Ari Rodrigues, assumiu o comando da conversa com o elenco.

Durães: “Fidélis, por favor, venha até aqui, quero trocar uma ideia com você!”

Fidélis: “Sim senhor! Olha fiquem aqui, que vou ver o que o Presidente quer e em seguida vamos iniciar o coletivo”, disse o treinador aos jogadores.

O campo da poliesportiva era de grandes dimensões e os dois se afastaram mais ou menos uns 30 metros longe de onde estava o grupo de jogadores e ficando a sós, Durães iniciou a conversa, um tanto sem nexo:

Durães: “E ai, como está o time?”

Fidélis: “Tinindo e temos a certeza que ganharemos domingo, também!”

Mesmo sentindo a certeza na resposta do treinador, mas mesmo assim com a ideia de demiti-lo, eis que de repente, Oswaldo Durães, enfia a mão em um dos bolsos da calça, de onde tira um papal desses de folha de caderno, já com a escalação do time titular definida e nela com a mudança de uns nove titulares e se dirigindo de novo ao técnico disse em tom imperativo:

Durães: “O time que eu quero que jogue é esse aqui!”

Disse isso mostrando o papel ao Fidélis que pegou o mesmo, analisou e respondeu:

Fidelis: “Por isso que eu admiro o senhor! Parabéns, isso prova que o senhor conhece muito futebol mesmo . Como o senhor leu o meu pensamento? Pois é esse o time que eu pretendo escalar agora no coletivo e se não houve nenhum problema, vou escalar para o jogo de domingo. Parabéns presidente, vejo que o senhor sabe muito mesmo de futebol”.

Diante da resposta do treinador, Oswaldo Durães sem ter o chamado plano “B” se dirigiu ao seu carro, onde embarcou e voltou para a sua empresa e pior para Ari Rodrigues que ficou sem entender nada do que aconteceu.

Quanto ao técnico Fidelis, comandou aquele entre outros coletivos e sob o seu comando, o Operário foi campeão estadual, mas em 1987, o treinador não esteve na conquista do Campeonato Brasileiro do Módulo Branco, porque não reformou o contrato, ai sim, nesse caso, ele teve que ir embora.

0 Comentários

Os comentários estão fechados.

Exibir botões
Esconder botões