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Campo Grande, sexta-feira, 22 de dezembro de 2023.
Aos domingos, em torno dos campos onde são disputados os jogos, as vendas dos deliciosos salgadinhos (Foto: Arquivo)
Não apenas os profissionais que às vezes são denominados como “vendedores ambulantes” e até mesmo os proprietários de pequenos comércios localizados em torno dos campos onde são disputados milhares de jogos válidos por dezenas de campeonatos amadores nos bairros espalhados pela Capital de MS estão, sentindo literalmente no bolso, o impacto negativo imposto pelo coronavírus Covid 19, que ocasionou a paralisação de todas as competições e com isso, os comércios formal e informal. sofrem com as baixas ou nenhuma venda.
Com o decreto municipal baixado ainda no dia 15 de março, portanto, há três meses e um dia, as pessoas que faturavam uns “trocados”, mas que ajudavam em muito no orçamento familiar, ao vender picolés, gelinho, salgadinhos, espetinhos, cervejas e refrigerantes em latas, os catadores de material reciclável, as lojas de artigos esportivos e as camiseterias, sentem no bolso a falta das vendas desses produtos e diante da crise, alguns entram em “parafuso”.
Aos fins de semanas, o picolezeiro tinha também, nos campos de futebol amador, a certeza da venda de todo o produto sem andar muito (Foto: Arquivo)
Em plena atividade da modalidade, em um fim de semana, especificamente um sábado à tarde, um “picolezeiro”, por exemplo, parava o carrinho “lotado” de picolé, claro, debaixo de uma sombra qualquer e ficava apenas esperando a chegada dos clientes e antes mesmo do fim da rodada, tinha comercializado todo o produto, sem se cansar andando pelas ruas do bairro e além de ver bons jogos, ainda faturava o chamado “trocado” que ajudava em muito no almoço familiar, no dia seguinte.
Justamente no dia seguinte, pelo fato de ser um domingo, dia em que a maioria absoluta dos boleiros ficam o dia inteiro no local onde são disputados os jogos, era a vez dos vendedores de salgadinhos: pastéis, coxinhas, chipas, etc, e como sempre, novo sucesso nas vendas.
Quem nunca comeu um delicioso “espetinho de gato” nas ensolaradas manhas de domingo, enquanto assistia um bom jogo (Foto: Arquivo)
Em torno aos campos, vários “botecos”, onde os proprietários colocavam as mesas com cadeiras, na certeza de logo ter clientes paa alavancar as vendas. Anexo ao local, sempre um vendedor de espetinhos, que é carinhosamente chamado por todos como “espetinho de gato” e que vende tal como água. Trata-se basicamente de um espeto e o mesmo é passado em um vasilhame que contém apenas uma porção de farinha de mandioca e acompanhado por uma cerveja ou refrigerante super gelado, há quem diga que não “caviar” capaz de superar a delicia.
Após os jogos disputados aos sábados e aos domingos pela manhã entram em cena os catadores de material reciclável que, extrema rapidez, em questão de minutos, recolhia todas as latinhas ou garrafas pet, em torno do campo, nas calçadas e com os produtos, tinha a certeza que na segunda-feira, o chamado dia de “branco”, (sem preconceito racial, claro, pois se trata de um adágio popular) tinha uma graninha a mais para ajudar nas despesas caseiras.
Silêncio do Prefeito
No entanto, devido à pandemia, o futebol amador também parou desde o dia 15 de março, passado e como ele é a peça chave para o giro da engrenagem econômica nos bairros, tudo parou também e a água começou a subir, causando desespero às pessoas ligadas as vendas mencionadas.
Mas o pior de tudo é que o prefeito Marquinhos Trad, mesmo sendo um “boleiro” de refinada qualidade técnica – jogou no time juvenil do Comercial, onde quase se profissionalizou -, ao que tudo indica, não gosta mais do futebol, pois até o momento, não deu nenhuma resposta aos projetos de biossegurança, que foram apresentados pelos locatários de campos de futebol e pela União Esportiva de Futebol Amador (UEFA).
Primeiramente, ainda no dia 22 de abril, pouco mais de um mês de paralisação, durante a live, o prefeito Marquinhos Trad disse na época que, no dia 17 de maio, daria uma resposta. Maio se passou e nesta quarta-feira será 17 de junho, portanto, completará dois meses que todos os envolvidos, principalmente os patrocinadores e os donos dos times, organizadores e jogadores, aguardam com certa ansiedade o tão esperado anúncio, mas ele Prefeito, se mantém ainda calado.
Todos os envolvidos acima citados, tinham esperança que, com a flexibilização concedida aos mais diversos segmentos – TODOS – nos religiosos, esportivos, sociais entre outros e com isso, o futebol amador fosse também beneficiado no entanto, não foi. Vale ressaltar que, nos projetos acima mencionados, que foram levados à Semadur, constam os procedimentos exigidos por lei para a reabertura dos campos.
Diante do silêncio quase que sepulcral imposto pelo Prefeito e pela Semadur, tem surgido os jogos definidos pelos organizadores dos campeonatos, como “clandestinos” e deles, milhares de pessoas tem participado e tal atividade, invariavelmente, termina com a ação da Guarda Municipal, fato esse que, os responsáveis pelas competições, não querem para os seus jogos e querem que os mesmos, sejam dentro das normas estabelecidas pelas autoridades de fato constituídas pelo poder público municipal.
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