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Campo Grande, sexta-feira, 24 de novembro de 2023.

"Causos" do futebol

O dia em que o repórter da Rádio Educação Rural, levou gato por lebre, em entrevista para o programa “Bola ao Ar”

Por Gilson Giordano em 17/07/2020 às 10:13

“Rei” Arthur também driblou boa parte da imprensa na Capital de MS e fez repórter esportivo marcar um gol contra (Foto: Google)

Ainda sob o efeito, agora mais fulminante da pandemia causada pelo coronavírus covid 19, o que ocasionou a paralisação dos fatos positivos registrados nos bairros da região do Anhanduizinho, vamos de novo, rememorar e contar, mais um “causo” registrado no rico cotidiano do futebol de MS, ainda na década 80 e boa parte dos anos 90.

Pois bem, com certeza muitos já ouviram o chavão popular “comprar gato por lebre”, surgido nos tempos de carestia da guerra, ocasião em que era “comum” os comerciantes venderem carnes de gato no lugar de lebre, como alimento, devido á semelhança entre ambos.

Para tanto. Bastava tirar o “couro” e pronto e ninguém sabia qual era a carne de gato ou qual era da lebre, mas a carne do gato tinha uma agravante: o cheiro! Muito forte e para disfarçar, a mesma era marinanda, uma técnica em que se mistura água, sal e tempero, para dissipar o “cheiro’ e assim vender a mesma como carne de lebre e daí a expressão que até hoje e popular no cotidiano do povo brasileiro.

Claro que no “causo” que relembrarei hoje, não tem nada a ver com “carne”, mas que o repórter da antiga Rádio Educação Rural, acabou levando gato por lebre, levou!

Arthurzinho

A “estória” envolve a um dos maiores meia esquerda que o Operário e o futebol brasileiro já teve: Arthurzinho, ou o “rei” Arthur. Um craque na acepção da palavra.

Por incrível que possa parecer, com toda técnica e com o futebol jogado, naquela época, ele não teve vaga no time do Fluminense, que era chamado de “Máquina Tricolor”, pelo apelido tente imaginar como jogava o time carioca.

Na época havia muitas facilidades para o empréstimo de jogadores quando estes “estouravam” nas categorias de base e para manter o vínculo com o clube de origem, o mesmo emprestava com custo “zero” ou às vezes vendiam a preço de “banana” a outros times do futebol brasileiro. Foi o caso de Arthurzinho.

Imprensa

Na ocasião, existem ainda em Campo Grande, os jornais Correio do Estado, o editor era Arlindo Florentino, Diário da Serra, Gilson Giordano e Jornal da Manhã, Fábio Rodrigues, que também era o repórter da TV Morena, ao lado do cinegrafista Mandu e do auxiliar Ronaldo “Balla”, todos fazendo excelentes coberturas esportivas e além deles, as emissoras de rádios: Educação Rural e Cultura. A Difusora ainda não time uma equipe especializada voltado para o futebol e na época, a programação era apenas hora certa e música.

Chegada

Certa manhã, o ex-diretor de futebol do Operário, Irineu Farina ligou pra todo esse pessoal, convidando para comparecer ao Aeroporto Internacional de Campo Grande, para recepcionar o jogador Arthurzinho.  A chegada estava prevista para às 14h, no vôo da Viação Aérea São Paulo (VASP).

Nossa! Uma baita novidade e é claro, todo mundo foi para o Aeroporto.

Bem os jornais impressos, divulgariam a noticia com a foto do jogador, no dia seguinte e então a boa mesmo era para as emissoras de rádio. A Educação Rural tinha o Programa Bola Ao Ar, das 17h às 17h45 e depois entrava o Padre Ângelo e na Cultura, o Jogo Aberto, que iniciava sempre às 19h e normalmente até às 20h30.

A Educação Rural tinha um repórter que não gostava muito de se juntar com os demais colegas e por isso, ele sempre ficava à parte, mesmo porque, o Fábio Rodrigues era um tremendo “gozador”, Gente boa!

No mesmo momento em que o avião da VASP aterrissou. O diretor de futebol Irineu Farina foi onde estava a “imprensa”, avisar que o jogador Arthurzinho, chegaria apenas às 10h do dia seguinte, pois ele havia perdido a “ponte” Rio-São Paulo.

Só que quando ele comunicou a todos, justamente o repórter da Educação Rural, não estava entre os demais, mas o mesmo viu uma pessoa com todas as características de um jogador de futebol: porte físico, estatura, jeito de andar e o mesmo, não saiu pela porta comum e sim, por outra porta, no Aeroporto.

Esperto e para correr também contra o tempo, afinal o programa que ele participava começava às 17h e tinha ainda que editar a fita, carregando um gravador marca AIKO, igual a um tijolo de oito furos, nem quis saber e perto do “jogador” ele já apertou o “rec “e o “play” e começou a formular a primeira pergunta.

O “cara”, não sabe se era um carioca ou um corumbaense, logo “captou” e começou a responder as perguntas formuladas pelo “orgulhoso” repórter que deve ter feito umas cinco perguntas e quase que correndo foi embora para a sede da emissora.

Na hora do programa, a entrevista foi divulgada normalmente na emissora que ele trabalhava só que na Rádio Cultura foi divulgado que Arthurzinho chegaria no dia seguinte, igualmente as manchetes dos três jornais que circulavam na Capital.

Esse foi o dia em que o repórter da hoje extinta Rádio Educação Rural, não comprou, mas levou gato por lebre.

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