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Campo Grande, terça-feira, 26 de dezembro de 2023.

Campeonato Brasileiro

Jogo disputado em Goiânia, quando o ingênuo atacante Índio do Galo, queria driblar o césio 137

Por Gilson Giordano em 13/07/2020 às 16:43

Mais uma história tirada do fundo do baú, essa aconteceu em 1987, em Goiânia

Muitos leitores podem até pensar que, os “causos” ou as “estórias” registradas no futebol de MS e aqui narradas que talvez pelas denominações – causos ou estórias – podem até serem obras de ficção, no entanto não é!

O relato são fatos reais e com certeza nos dias atuais e no chamado agora “futebol moderno”, não sei o porquê dessa denominação, mas esses fatos, não se repetirão mais, independente da pandemia que segundo os entendidos, pós esse período, tudo será diferente.

Índio

Como sempre, me reporto à década de 80 e por volta de 1.986, o E.C. Taveirópolis contratou um atacante cujo apelido era Índio, pois o nome dele, praticamente ninguém sabia. Talvez, nem ele mesmo,pelo fato de ser extremamente desligado fora de campo.

Mas dentro de campo,  ele era fenomenal e com  tinha uma impulsão de fazer inveja a qualquer jogador de vôlei e  muito acima da média comum dos atacantes e com um detalhe, ao cabecear, ele fazia com os olhos bem abertos e com muito muito estilo desenvolvia a jogada ue invariavelmente acabava em gol.

Eu que vi Dario Maravilha, “Rei Dadá” jogar futebol e cabecear, não cheguei a ver, mas li muito sobre Escurinho do Internacional, ótimo cabeceador e vi também, ainda em Corumbá, claro antes de sair da terra natal, Dionísio, que acabou sendo contratado pelo Flamengo, após um treino no campo do Colégio Dom Bosco e  no Rio de Janeiro era chamado pela imprensa carioca de “Cabecinha de Ouro”. Posso garantir que Índio, do Taveirópolis, não perdia de forma alguma pra nenhum deles. No mínimo empatava com todos. Só que não teve a sorte dos acima citados.

Operário

Encantado com os gols de cabeça marcados pelo atacante Índio e prestes a começar o campeonato brasileiro, de 1987, confesso que não sei que categoria, ou que série, mas, era um “brasileiro”, a diretoria do Operário, que foi o representante do Estado, pelo fato de ter sido campeão, tratou de reforçar o elenco e o primeiro nome da lista, era do atacante Índio.

Sem muitas delongas, a negociação foi concretizada e se não me engano, no valor de cinco milhões de cruzados. Uma fortuna na ocasião.

Césio 137

Naquele Campeonato Brasileiro, o Galo estava no Grupo “E”, ao lado dos times do Botafogo de Ribeirão Preto, Inter de Limeira, Grêmio de Maringá e o Uberlândia.

Tal como agora em 2020, em 1987, aconteceu não uma pandemia, mas o maior acidente radioativo já registrado no país, causado pelo Césio 137, acidente esse que causou a morte de centenas de pessoas e as que não morreram, ficaram com seqüelas irreparáveis.

O césio foi encontrado dentro de um instrumento usado para fazer radioterapias e o mesmo foi encontrado por catadores de um ferro-velho do local, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente com césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares, além de ser considerado também o maior incidente envolvendo uma fonte radioativa desde sempre.

Resguardada as devidas proporções, claro, o acidente causou um “frisson”  e muito medo e com os times do grupo não queriam mais jogar em Goiânia, os goianienses passaram a ser quase que marginalizados e hostilizados por onde circulavam, pois todos tinham medo de chegar ou que eles chagassem perto, devido ao perigo da irradiação e do mal que o césio 137, com certeza causava.

Viagem

Apesar de todo temor, mas com o jogo marcado contra o Atlético Goianiense, no Estádio Serra Dourada, a delegação do Galo embarcou para a Capital de Goiás.

Vôo direto na época com uma duração de pouco mais de duas horas de viagem e quase que, num estalar de dedos, a delegação desembarcava e pisava com muito medo no solo do Aeroporto Santa Genoveva.

Na ocasião, a brincadeira entre os jogadores, claro que nem todos, mas os que subiam para o time de profissionais, os mais experientes perguntavam aos novatos: “Você trouxe a sua fralda plástica? Essa era a brincadeira ou a pergunta de praxe, da época e todos riam. Hoje, a história é diferente.

Sob um forte aparato de segurança por parte da Secretaria de Saúde daquele Estado, os jogadores, um tanto ressabiados, afinal o desastre foi matéria no mundo todo e todo mundo com medo, se digiram para a sala do desembarque onde receberam todas as orientações possíveis.

Pra matar

Quando se preparavam para deixar o local, conversam os jogadores Anchieta, lateral direito e justamente o atacante Índio e pelo fato de ambos terem defendidos o time do Taveira, tinham um pouco mais de afinidade.

Anchieta mais esclarecido fez uma observação ao amigo e já caminhando para a porta automática – aquela de vidro e que abre “sozinha”, eis que o mesmo vira e comenta com Índio, que nem sabia onde estava, pois o mesmo era extremamente desligado de tudo.

Anchieta: “Índio, cuidado que aqui é a terra do Césio (137)”      

A observação foi mais em forma de alerta, para evitar que o jogador tocasse as mãos em tudo e com isso correr o risco de ser contaminado.

E o Índio, nem imaginava e muito menos sabia do que se tratava e do alto da sua ingenuidade e mais que depressa, com aquele jeitão de “boleiro” nato, prontamente virou e disse ao Anchieta:

Índio: “Deixa ele (césio 137) comigo. Ele já me conhece e sabe que comigo é só bola entre as pernas.”

Jogada essa que hoje  no tal do futebol moderno é   chamada de “caneta.”  

Diante da resposta, o Anchieta caiu de gozação na alma do pobre que continuou sem nada entender.

Assim era o Índio fora de campo, mas dentro dele, era de fato um terror para os zagueiros.

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