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Tudo sobre a região do Anhanduizinho

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Campo Grande, sexta-feira, 05 de janeiro de 2024.

Domingo sem futebol!

Dono de time e organizadores dos campeonatos relatam como foi o fim de semana vivido, sem a modalidade

Por Gilson Giordano em 23/03/2020 às 10:55

“Preso”, mas em casa, onde cumpre a quarentena, Coalhada dá um exemplo de cidadania contra o coronavírus (Foto: Cíntia Barros)

Ainda não é possível saber quantos serão, mas este vivido recentemente foi com certeza, o mais longo fim de semana para os boleiros, donos de times e principalmente para os organizadores dos campeonatos de futebol amador disputados nos campos espalhados pelos bairros que formam a região do Anhanduizinho, que são acompanhados por milhares de pessoas que fazem do mesmo, como a única diversão.

No entanto, acatando as determinações das autoridades sanitárias, além de terem dado uma demonstração de civismo e também preocupação com o próximo, os organizadores dos campeonatos suspenderam as rodadas dos jogos e também, nenhum deles sabe ainda, quando a alegria estará de volta, pois no primeiro momento, o mais importante é conter o avanço da doença que causou pandemia e medo ao mundo.

As declarações feitas por alguns deles, a respeito do tédio no fim de semana, evidencia a tristeza vivida por todos e entre eles, a foto que mais retrata o momento é do Antônio Jerônimo da Silva, conhecido por “Coalhada”, que promove o campeonato no bairro Santa Felicidade, mas que teve a “infelicidade” também, de ter que passar por esse triste momento vivido por todos.

A foto do “Coalhada” foi feita por Cíntia Barros, que, ao lado do Wanderson, ajudam o mesmo na organização da referida competição.

Segundo ela, nesse momento de paralisação, quem mais esta sofrendo é o “Coalhada”, afinal, há 26 anos que ele promove e organiza o campeonato no local.

“Ele (Coalhada) fica meio louco e sem saber que rumo seguir. Quanto ao Wanderson e eu, ficamos em casa, conferindo as anotações a respeito dos cartões amarelos e vermelhos recebidos pelos jogadores, artilharia, goleiro menos vazado e pensando nas novidades que podermos apresentar aos times quando voltarmos”, afirmou.

No Jardim Uirapuru, localizado no bairro Los Angeles, na região do Anhanduizinho, o responsável pela organização do Campeonato é o desportista Esmeraldo Campos, que há 38 anos promove e organiza essa atração que tem levado centenas de pessoas aos “campões” de terra aos fins de semana.

Mesmo com uniforme apropriado, Esmeraldo Campos, não pode entrar em campo no fim de semana passado (Foto: Arquivo)

Da mesma forma ele também expressou a tristeza vivida com a suspensão da rodada no fim de semana passado.

“Não é fácil! Nós desportista, ficamos o domingo, fim de semana sem esporte, a gente que gosta de fazer aquilo, de proporcionar laser para a comunidade é ruim, mas e por uma boa causa. Estamos aqui na quarentena e esperamos voltar logo a fazer aquilo que nós gostamos”, disse.

Entre os donos dos times que disputam os campeonatos na referida região, estão os donos do Lava Jato FC, no Jardim das Macaúbas, no bairro Centro Oeste, alias, nome também da empresa administrada pelos quatro irmãos: Nildo, Daniel, Osvaldo, Ozano Bitencourt  que atendendo as determinações, também fecharam temporariamente  o empreendimento da família, que é o Lava Jato.

Segundo Nildo, o fim de semana passado foi bem diferente. “Mudou a rotina na vida da gente. Foi bem diferente, pois todos os domingos têm um “joguinho” fico meio triste. O hábito esta diferente, só que é necessário. A saúde da população, nossa, dos nossos familiares em primeiro lugar. Inclusive até o nosso comercio fechamos. Vamos respeitar a população, vamos passar por dificuldade, mas saúde em primeiro lugar, dinheiro depois corremos atrás. Não é bom eu gosto de jogar o futebol, mas é necessário e isso vai passar. É um obstáculo, mas vai passar. Logo estaremos na atividade”, garantiu demonstrando muito otimismo.

O responsável pelos campeonatos disputados no campo de “terrão”, do bairro Alves Pereira, Tony Gol, também expressou o seu sentimento de ter vivido um fim de semana longe dos campos de futebol.

“Foi um fim de semana com um aperto no coração! Depois de vários fins de semana, com muita alegria em nossa região. As ruas estão desertas, o campo de futebol vazio, mas essa luta vai passar e logo estaremos de volta, proporcionando alegria do futebol para todos os atletas, dirigentes e torcedores”, disse.

Ana Arena Guanandizão, localizada no Jardim Nhanhá, no bairro Piratininga, também na região do Anhanduizinho, o responsável pelas competições, como se sabe são duas: Master 40 anos e Mega Master 50 anos, Mauro Martins Maroka, a exemplo dos outros, afirmou que foi “difícil”, pois todos estão acostumados a viverem os domingos às beiras dos campos.

“Esta sendo difícil. Pois estou acostumando e quando não estou realizando os meus campeonatos, vou prestigiar dos outros. Está tudo parado! Estou trancado dentro de casa. Vou daqui para o trabalho e com todo o cuidado”.

Além de promover e organizar os campeonatos na Arena Guanandizão, Maroka também é o presidente da Associação de Moradores do bairro Jockey Clube, que alias tem tido também toda a atenção.

“Lacramos a Praça do Jockey. Não entra ninguém. Vou lá (Associação), só pra ver se está tudo bem se os vândalos não entraram e em seguida volto pra casa. Estou há dois dias sem sair de casa, sábado e domingo. Eu estou ruim, sem saber o que fazer. Pior que não tem ninguém pra conversar só o Whatsapp não tem a aglomeração, não pode fazer aquela resenha e é certo isso, mas na verdade, estou me sentindo um prisioneiro na solitária, onde nunca fiquei. É certo isso, pois temos que nos isolar pra não ter problema e daqui pra frente ver com outros olhos a todos, vamos valorizar os amigos, a família, os momentos reunidos. Tô em casa, onde nunca fiquei tanto tempo”, disse.

O presidente da União Esportiva de Futebol Amador (UEFA-MS) Cleyton Ferreira que também promove e organiza o Campeonato no bairro Santa Emilia, afirmou que o fim de semana passado foi bem “atípico”.

“Estamos atuando há 20 anos dentro do futebol amador, como dirigente ou organizador e esse fim de semana (passado) foi bem complicado, pois nele direcionamos os nossos afazeres sem que o mesmo tivesse sido voltado para o futebol. Tive que me adaptar”, disse e completou: “mas o momento é de reflexão, cuidados e resguardos, pois devemos cada um de nós, fazermos a nossa parte, só assim, sairemos o quanto antes dessa situação”, afirmou.

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