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Campo Grande, segunda-feira, 18 de dezembro de 2023.

Tudo contra o bullying

Banda de rock se apresenta na Escola da REME Pe Heitor Castoldi para combater preconceito

Por Gilson Giordano em 12/04/2019 às 16:55

O baterista Eduardo é autista e vítima de bullying, falou para os alunos a respeito dos problemas enfrentados por ele (Foto: Divulgação)

Localizada no Jardim Nhá-Nhá, no bairro Piratininga, na região do Anhanduizinho, a Escola da Rede Municipal de Ensino (REME) Padre Heitor Castoldi, realizou nessa sexta-feira (12), um dia bem diferente para seus alunos, É que hoje foi realizada na referida escola a Sexta Cultural, com a apresentação de uma banda de rock, que transmitiu uma mensagem, por meio da música, de combate ao bullying. Destacando que um dos integrantes da banda, o baterista Eduardo Balardin, é autista e durante a apresentação, o mesmo conversou com as crianças sobre a importância de combater o preconceito.

Tendo à frente o diretor da unidade, professor Lauro da Silva, o mesmo enfocou o evento e falou a respeito daquilo que a apresentação da referida banda pode proporcionar de ensinamento para os alunos.

“O que mostramos para nossas crianças é que todo mundo é capaz de realizar aquilo que quiser, trazendo um jovem que tem uma dificuldade. Isso potencializa nossos alunos e eles podem ver que os obstáculos estão aí para serem superados”, afirmou.

Durante o evento, as crianças puderam curtir clássicos do rock internacional e nacional. A ação foi marcada pela presença da banda Misbehavior que é da cidade de Dourados, localizada na região sul do Estado e distante 220 quilômetros da Capital.

A participação da banda visou à conscientização dos alunos sobre o autismo e o combate ao bullying. A forma de abordar a temática sobre o assunto e quebrar os paradigmas foi mostrando o trabalho do baterista, de apenas 14 anos, que sofreu preconceito por ter Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O diretor Lauro da Silva ressaltou que o evento também foi um momento de inclusão, já que dos 450 alunos da unidade, pelo menos 30 têm algum tipo de deficiência.  A unidade conta com salas de recursos multifuncionais e uma sala para alunos com altas habilidades e dotação.

A técnica da Divisão de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Glaucia Carmona explicou a importância de se trabalhar com este tipo de atividade. “O importante dessa ação é ressaltar, que mesmo diante de nossas dificuldades, temos potencial”, disse.

A professora da sala de recursos multifuncionais, Luciana Queiroz, acredita que a presença do baterista Eduardo, ajudará na abordagem da temática sobre o TEA e o bullying.

“Eu vi a banda na internet, e pelo fato do Eduardo ter autismo e tocar me chamou bastante a atenção, então eu quis trazer para a escola para incentivar as crianças a observarem suas potencialidades, independente da questão da deficiência ou do transtorno”, disse.

O aluno Luis Carlos Goete, de sete anos, que tem autismo, falou da sensação de ver o baterista e de seu sonho que é o de também se tornar um músico. “Eu gosto de bateria porque posso bater fazer barulho. Não sabia que ele tinha autismo. Eu gosto de rock. Queria aprender também a tocar. Gostei de ver ele tocando”, comentou.

Luta contra o bullying

Gilson Búzio, vocalista da banda Misbehavior, explicou que Eduardo realiza participações dentro do grupo e sempre participa de eventos. “É um poder ou algo divino, foi uma coisa que aconteceu por acaso, descobri ele nas redes sociais, sempre coloquei banda iniciante para tocar a gente”, pontuou.

O vocalista relatou que a experiência deixou os pais de Eduardo emocionados. “Os pais falaram do bem que eu havia proporcionado, até e o momento eu não entendia nada, via que ele tinha alguma limitação e os pais falaram que ele era autista. Acabei que incentivei mais e convidei ele para tocar em um show grande na cidade”, recordou.

Gilson ainda relata que ficou sabendo que Eduardo estava sofrendo com o bullying na escola. A partir disso, a banda programou um show onde Eduardo estudava para tratar da temática. “Falei que se a pessoa que promove o bullying acha isso engraçado, tem que sair da escola e ir para o circo, e, coincidentemente depois o rapaz que praticava o bullying é hoje o melhor amigo dele”, disse.

Atração

O baterista da banda, Eduardo, foi a grande atração para os alunos da escola e falou sobre o amor pela bateria e de seus sonhos.

O gosto por tocar o instrumento veio através de uma cena de um amigo tocando e de vídeos de bandas de rock. “Eu amei desde o primeiro momento, foi inspirador”, destacou o músico.  Eduardo toca bateria há três anos em Dourados, fazendo participação junto com a banda. As bandas favoritas dele são o Iron Maiden, Depp Purple,
AC/DC, Black Sabbath e Led Zepelim.

O baterista diz que a música o ajuda a enfrentar o autismo, tirando o estresse do dia a dia e sua ansiedade. “Quando alguém me maltrata eu lembro que tenho a bateria para descarregar”, mencionou.

Sobre o bullying praticado pelos colegas de escola, Eduardo fala como a música e a bateria transformou sua vida. “Eu me vejo, não como essas pessoas falam, me vejo como uma pessoa muito forte. Hoje meus amigos me olham como um grande artista. Bastante gente me conhece em Dourados. Hoje em dia o pessoal escuta o som da bateria e já me identificam”, revelou.

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